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Falando de futebol e inovação

[Por Marcelo Paes*]

Falar de inovação está tão corriqueiro que as pessoas e as organizações parecem estar falando sobre futebol. Todos têm opiniões e soluções infalíveis e certamente fariam diferente do que vem sendo feito por outros, especialmente pelos concorrentes.

Poucos, porém, têm conhecimento técnico e prático para isso. Não desenvolveram um condicionamento físico, não passaram pelas categorias de base, nunca jogaram futebol. E aí fica mais difícil serem técnicos. São deslizes frequentemente cometidos por pura ignorância a respeito de um tema não exatamente novo, mas que exige uma visão atualizada e dinâmica ao ser tratado.

Eu mencionava em minha dissertação de mestrado que, para ser gerenciada, a inovação precisa ser compreendida. Um dos mais incômodos problemas na gestão da inovação é que ela é entendida de formas muito variadas. Em sentido mais amplo, a palavra vem do latim innovare que significa “fazer algo novo”. Inovação é um processo de fazer de uma oportunidade uma nova ideia e de colocá-la em uso da maneira mais ampla possível.¹ Mas não é só isso.

Desde 1985 Peter Druker fala que “a inovação é a ferramenta específica de empreendedores, por meio da qual exploram a mudança como uma oportunidade para diferentes negócios ou serviços. É passível de ser apresentada como uma disciplina, passível de ser aprendida, passível de ser praticada”. E o que são os executivos de hoje senão “intra-empreendedores”? Também dá para alcançar vantagem competitiva a partir de novas tecnologias e novas formas de fazer as coisas, como disse Michael Porter. Só não dá para ser baseada na opinião.

Para quem não é técnico de futebol de verdade – como eu –, assistir aos jogos pela TV talvez seja a melhor forma de dar vasão ao entusiasmo e à certeza de que pode fazer diferente e melhor. Mas para alcançar vantagem competitiva, conhecer inovação e a importância de geri-la de maneira sistemática trarão mais consistência aos resultados estratégicos de diferenciação. A partir daí, dizer que faria diferente terá mais credibilidade.

Até mais!

¹ TIDD, Joe; PAVITT, Keith; BESSANT, John. Gestão para inovação. Porto Alegre, Bookman: 2008.

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Publicitário e especialista em Marketing pela FGV, tem atuado há 20 anos como executivo em indústrias de segmentos diversos e em multinacionais, acumulando sólida vivência em marketing corporativo dos setores de serviços, indústria e varejo. Mestre em Design, é colaborador do Instituto de Marketing Industrial de São Paulo para diversos setores da economia (B2B). Diretor Executivo e Consultor da Tantum Inovação, também atua como docente em instituições como ESPM e UNISINOS nas áreas de Marketing, Inovação e Empreendedorismo. É pesquisador e autor de artigos científicos sobre Inovação Aberta e Inovação pelo Design em congressos nacionais e internacionais. Casado e pai de três crianças incrivelmente inovadoras.

 

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