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Liderança em tempos de incerteza

[por Viviane Mansi via Comunicação com Funcionário]

O post de hoje tem a intenção de recomendar um livro ou, melhor dizendo, uma “experiência”. Acho que a palavra define melhor a obra “Liderança em tempos de incerteza”, de Meg Wheatley.

Meg – como ela mesma se denomina – é americana, socióloga, e, quando fala de si, não está necessariamente preocupada em dizer de que escola foi ou quantos anos tem, mas diz por onde passou, que experiências vivenciou, e como essas experiências moldaram sua visão de mundo.

O livro fala de um espaço de compreensão e de convivência para lidarmos com dilemas que temos no dia-a-dia. Fala dos limites impostos pela dimensão de gestão baseada no comando-controle e das oportunidades que a abordagem dialógica traz. Ela nos provoca a buscar soluções que nos permitam o exercício da convivência, ou, ainda, a coexistência dentro das organizações para que possamos, por conta disso, ser melhores.

Ser melhor significa que a empresa tem seu espaço de ser mais produtiva, e que o empregado tem mais condições de se realizar no trabalho.

Meg resgata o entendimento da organização a partir das metáforas da máquina e do ser vivo. Ela diz que operamos durante muito tempo olhando a organização a partir da metáfora da máquina, em que tudo tem que acontecer de forma muito acertada, respeitando um determinado jeito de fazer, seguindo um dado padrão. Isso tem o seu valor para as coisas acontecerem, para a produtividade, mas quando alguma coisa nessa máquina não vai bem, todo sistema desanda: a máquina não está preparada para resolver problemas que vão aparecendo ao longo da operação.

Então, ela se questiona: está a máquina preparada para nos ajudar a superar os nossos grandes desafios? A autora, a partir dessa reflexão, se propõe a olhar a organização a partir da metáfora do ser vivo, onde as coisas são relacionadas – se eu não estou bem fisicamente, provavelmente emocionalmente também não. E vice-versa.

“É hora de mudar a maneira de pensar sobre as organizações. Elas são sistemas vivos e todos os sistemas vivos têm a capacidade de se auto-organizar, de se sustentar e de caminhar para um grau maior de complexidade e ordem, conforme a situação. Elas respondem de maneira inteligente à necessidade de mudança.”

Eu acho que esse trecho é especialmente importante por que devolvemos, nesse caso, ao homem, o sentido do trabalho. Porque ele é capaz de ser protagonista da sua existência lá dentro. A partir dessa vivência, talvez tivéssemos a oportunidade de rediscutir as dimensões de encantamento, porque hoje o homem desencantado com seu trabalho é aquele que vai para a empresa e, de certa forma, realiza sua função sem saber bem porquê, ou sem saber sequer qual a importância dessa ação para um todo.

Meg nos traz a perspectiva de que é na vivência (ou convivência) que se aprende e se realiza – não é no manual, não é na teoria, não é naquele “treinamento-mala”. Fala sobre quanto mais acessos as pessoas têm umas as outras, mais possibilidades são criadas. Sem conexão, nada acontece. Ela não trata de veículos formais de comunicação (até porque o campo dela não é comunicação com empregados) mas sim da conversa do dia-a-dia, de termos disponibilidade de estar com as pessoas.

Portanto, é uma obra que está fundamentalmente ligada a um resgate de elementos que não pulsam, não oneram, mas que são parte da forma como nos tornamos seres sociais, que fomos deixando um pouco de lado nas organizações por conta de demandas externas, de demandas que não são demandas dos seres humanos, mas são demandas de negócios, de capital e assim por diante.

Se você gostou do assunto, pode consultar a página da autora na internet ou adquirir o livro.

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